quinta-feira, 19 de julho de 2012

Anima e Animus


Intrigada com essa assunção natural e espontânea, sentia um orgulho transparente, algo que possuía a dose certa de razão e emoção. Sem medo algum, meus olhos permaneciam fixos e calmos diante de minha mãe e diziam : sou mulher, acima de qualquer coisa!

Acima de qualquer coisa escolhi ser mulher, e, quando digo mulher, sinto tomar uma consciência exata de algo misterioso, mas que faz todo o sentido porque o mistério há em você e é natural.

Essa transição de menina à mulher foi um tanto quanto abrupta. Era como se meus conflitos tivessem resolvido, juntos, assombrar-me de uma só vez e a situação me oferecesse as seguintes opções: correr ou encará-los.

Quando digo mulher, esse mistério soma a saliva da boca e me faz perguntar: afinal, o que é ser mulher?! Pois é uma coisa que sinto, mas não consigo organizar precisamente em palavras.

Mas a minha tentativa aqui, é fazer exatamente isso, ordenar palavras numa espiral e dividi-las com o momento e com outros olhares e histórias.

Cada um tem sua história, suas fases e processos... Cada um tem seus propósitos e atitudes que os justificam. A lembrança que deixa o gosto na ponta dos lábios e vai embora, se não calculada, machuca... O tempo vai e vem...
E a gente vive disso, experiências e frutos que nascem delas; E num momento certo, procuramos nadar contra a maré pra saber qual será o foco de hoje, o foco que te deixará sentir-se mais livre amanhã.



Eu acordei com minha mãe abrindo a janela.
O frio invadia o quarto, invadia a sensação de dor e a ressonância que se fez foi sombras e culpa, da parte de minha mãe.

O que eu sinto, é que não posso ceder o que sou em prol de um jogo de padrões estabelecidos que na realidade nem existem ou devem existir.
O que sinto, é um nó na garganta, porque um foco se foi para se criarem novos, isso é um tanto sombrio no início, é belo... Isso é vida.
Acredito que ser mulher é permitir os dois lados de si agirem sobre o corpo e alma. A emoção tomar seus olhos, a concisão tomar a garganta, e os dois somarem juntos, seus passos...
E foi assim que respondi a pergunta de minha mãe: 

Sou mulher acima de qualquer coisa.







Um comentário:

  1. Há dias pensando em um comentário e nada... acho que você já escreveu tudo, Gabs. Ser mulher não é uma condenação, é uma escolha cotidiana... Mas você já sabe disso...

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