Intrigada
com essa assunção natural e espontânea, sentia um orgulho transparente, algo
que possuía a dose certa de razão e emoção. Sem medo algum, meus olhos
permaneciam fixos e calmos diante de minha mãe e diziam : sou mulher, acima de
qualquer coisa!
Acima
de qualquer coisa escolhi ser mulher, e, quando digo mulher, sinto tomar uma
consciência exata de algo misterioso, mas que faz todo o sentido porque o
mistério há em você e é natural.
Essa
transição de menina à mulher foi um tanto quanto abrupta. Era como se meus
conflitos tivessem resolvido, juntos, assombrar-me de uma só vez e a situação
me oferecesse as seguintes opções: correr ou encará-los.
Quando
digo mulher, esse mistério soma a saliva da boca e me faz perguntar: afinal, o
que é ser mulher?! Pois é uma coisa que sinto, mas não consigo organizar
precisamente em palavras.
Mas a minha
tentativa aqui, é fazer exatamente isso, ordenar palavras numa espiral e
dividi-las com o momento e com outros olhares e histórias.
Cada um tem sua
história, suas fases e processos... Cada um tem seus propósitos e atitudes que
os justificam. A lembrança que deixa o gosto na ponta dos lábios e vai embora,
se não calculada, machuca... O tempo vai e vem...
E a gente vive disso, experiências e frutos que nascem delas; E num momento certo, procuramos nadar contra a maré pra saber qual será o foco de hoje, o foco que te deixará sentir-se mais livre amanhã.
E a gente vive disso, experiências e frutos que nascem delas; E num momento certo, procuramos nadar contra a maré pra saber qual será o foco de hoje, o foco que te deixará sentir-se mais livre amanhã.
Eu acordei com
minha mãe abrindo a janela.
O frio invadia o quarto, invadia a sensação de
dor e a ressonância que se fez foi sombras e culpa, da parte de minha mãe.
O que eu
sinto, é que não posso ceder o que sou em prol de um jogo de padrões
estabelecidos que na realidade nem existem ou devem existir.
O que sinto, é um nó na garganta, porque um foco
se foi para se criarem novos, isso é um tanto sombrio no início, é belo... Isso é vida.
Acredito que ser
mulher é permitir os dois lados de si agirem sobre o corpo e alma. A emoção
tomar seus olhos, a concisão tomar a garganta, e os dois somarem juntos, seus
passos...
E foi assim que
respondi a pergunta de minha mãe:
Sou mulher acima de
qualquer coisa.
Há dias pensando em um comentário e nada... acho que você já escreveu tudo, Gabs. Ser mulher não é uma condenação, é uma escolha cotidiana... Mas você já sabe disso...
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