terça-feira, 7 de agosto de 2012

(À)Aqueles dias Vintage





Acordou com a janela escancarada e um dia ensolarado. Não queria sair da cama. O calor invadia o quarto, invadia os sonhos, que ainda, sonolentos, se despediam- Também acordava a pele enquanto os olhos se abriam lentamente.


Nesse instante tocava Tears for fears e a música se misturava com a preguiça de quem recém-desperta. A mistura de calor matutino, música dos anos 80- e olhos, agora, semicerrados, pediam regresso dos sonhos e embebiam os segundos de preguiça e uma tranquilidade infantil. Sentia que era o começo de um bom dia... Podia estar enganada, mas tudo aquilo valia um engano qualquer!

A janela era convidativa, além disso, possuía um peitoril grande o suficiente para bem acomodar-se diante de uma tela natural. O notebook também sentava, no colo, e sonorizava quinze ou trinta músicas francesas. Observava a paisagem distante... Ainda mais distante porque estava sem óculos e o que nasceu ao longe foi um Monet impressionista e impressionado com uma percepção tão boba de casas e ruas, de montanhas e céu.

E os grandes passeavam sobre seus pensamentos. Monet dava lugar aos bustos de Modigliani. Imaginava como seria seu rosto “Modiglianinado” ou como seria seu futuro apartamento com a sala decorada com uma reprodução de Egon Schiele (um de seus favoritos!). Havia criado um trava-línguas de uma palavra só! Se sentia boba e ótima!
Pois então, “A dança” de Matisse era ciranda composta por Alfredo Róldan e a presença de suas mulheres, cores e luas de Chagall sob um céu de Kandinsky e com maçãs e cebolas de Cézanne espalhadas ao chão. A música surgia do violão de Juan Gris... Imaginem só!

“Pagu” desfez os nós da garganta. Como era uma diversão pueril, logo lembrou da música, que passou a substituir as francesas. Ouvia a música (que já sabia de cor), atenta. 
Desejava dias de pincéis, batom, problemas na França e ser mais dona de seu nariz- Um à la Zazá- Parecia gostoso- arriscado! 

Riu, disse um palavrão qualquer pra sentir-se Vintage. 
               Era a primeira vez que um “Porra louca” tinha tão forte e cômico efeito! 


(Modigliani se revirando na cova!)





Sibilava:


Ratatá! Ratatá! Ratatá!
Taratá! Taratá!... 


E esse era mais um dia Vintage...

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